Caixa de Pássaros | Resenha #2

ISBN-13: 9788580576528

ISBN-10: 8580576520

Ano: 2015 / Páginas: 272

Idioma: português

Editora: Intrínseca

O que esperar de um livro que na capa já te diz que você não pode abrir os olhos?

Sinopse

Romance de estreia de Josh Malerman, Caixa de pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler.

Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.

Resenha

O livro transita entre o passado e o presente até que as histórias se encontram. Então temos capítulos explicando o início das mortes, o aparecimentos das “criaturas” que causam a morte de pessoas simplesmente porque essas pessoas olharam para essas “criaturas”. Malorie acaba de se mudar com a irmã para uma nova cidade onde as duas vão morar sozinhas, sem os pais. Malorie descobre no início que está grávida de um encontro de uma noite e isso a deixa extremamente preocupada, enquanto isso a irmã de Malorie fica sabendo dos primeiros casos de morte misteriosa e fica obcecada em busca de mais informações, e a cada dia mais e mais mortes vão acontecendo, e cada vez em mais cidades até acontecer na cidade dos pais e na cidade delas. Enquanto isso, temos capítulos com Malorie cuidando de duas crianças em uma casa que não é a dela. Malorie ensina as crianças a ouvirem e a identificarem os sons que escutam. Ela exige que as crianças apurem seus ouvidos pois é a única coisa que podem usar já que elas passam a maior parte do tempo vendadas. A essa altura, sabemos que as casas estão com proteção em todas as janelas e as pessoas ficam vendadas para evitarem que vejam as “criaturas” que podem fazer com se matem. Malorie vai contando como tudo aconteceu em sua vida, o desenrolar da gravidez, os novos amigos e os cuidados com as crianças. Ela também tem constantemente diálogos internos, pois ela vive em constante alerta e na constante dúvida se ela vai conseguir criar as crianças nesse novo mundo em que as pessoas não podem abir os olhos.

O que eu achei

Esse livro divide opiniões. O final deixou muitos com raiva, outros já gostaram. Eu gostei da leitura, mas em alguns momentos eu me incomodei com os constantes diálogos internos da Malorie. Acredito que eu teria uma experiência melhor se eu tivesse lido o livro todo de uma só vez, isso faria com que eu tivesse me conectado mais com os personagens, pois a Malorie não foi das minhas favoritas. Eu fiquei bastante interessada no dia a dia dos personagens pois, em quase todos os momentos eles estão vendados, então me perguntava: Como isso pode ser? É estranho você ler um livro que é relatado pelo ponto de vista de pessoas que estão vendadas, existe esse ponto de vista? Isso tá realmente acontecendo? São questões que me fizeram ficar intrigada. A escrita é boa, ela flui tranquilamente, e somos convidados a ficar em constante tensão, já que não sabemos o que são as “criaturas” que tanto assombram os personagens. No decorrer da leitura, eu me policiei para não criar expectativas sobre o que seriam as “criaturas” e nem sobre o fim do livro. Por isso quando o livro acabou eu não tive sentimentos de ódio ou de amor por ele. Eu ainda estou refletindo sobre o final que ao meu ver foi uma coisa possível, lógica e bem satisfatória. Eu não consigo imaginar muita coisa pra acontecer, a não ser que fossem mais livros, e que fosse incluída uma guerra, ou um posicionamento por parte do governo. Mas como isso poderia ser feito com um inimigo que todos que viram morreram?

Sobre o autor

Josh Malerman é cantor e compositor da banda de rock High Strung. Filho do meio, Malerman gosta de escrever ao som de trilhas sonoras de filmes de terror, como Grito de horror e Creepshow - Arrepio do medo. Ele mora em Ferndale, Michigan, com a noiva. Caixa de pássaros é seu romance de estreia.

Quando perguntado sobre a sua inspiração para escrever Caixa de Pássaros, ele respondeu o seguinte: “Eu ainda não tinha um título enquanto escrevia o livro, e, quando Tom chegou a casa com um caixa de pássaros, eu sabia que tinha conseguido. A interpretação óbvia é a correta, eu acho: os colegas de casa são como os pássaros... a casa é a sua caixa... e em um senso maior, o mundo inteiro está em uma caixa de pássaros no fim de tudo. Tem aquela cena no rio quando a Malorie imagina uma caixa de papelão enorme indo em direção a ela, o rio e tudo mais. Então penso que o título veio do sistema de alarme do Tom, mas está mais para um microcosmo. Um símbolo. Sobre a “inspiração”, deixe-me explicar: tenho medo da palavra “inspiração. O que penso é, se eu tivesse que escrever todo dia durante um mês inteiro e então ler tudo o que escrevi durante esse mês, eu não seria capaz de diferenciar o que foi uma “escrita inspirada” e o que não foi. Caixa de Pássaros começou apenas como a escrita do dia seguinte. O próximo livro. Eu tinha uma imagem da qual eu gostava; uma mulher vendada, descendo um rio. Sabia que ela estava fugindo de algo, mas ainda não sabia do quê. Comecei a me lembrar de como eu tinha medo, quando criança, do conceito de “infinito”. Um professor me disse que um homem poderia perder a mente se ele tentasse compreender o infinito. Isso me apavorou! Eu era um garoto de treze anos perguntando para sua mãe: “Eu irei enlouquecer se descobrir onde o tempo começou?”. Pensei nisso enquanto escrevia sobre Malorie no rio e me veio a ideia de que talvez essa mulher, essa mãe, estava fugindo do infinito. Eu gostei da ideia. O infinito é um monstro. O infinito personificado. E o livro decolou daí.”